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outubro 15, 2022O empresário bilionário Elon Musk já chocou seus seguidores ao publicar em suas redes sociais que “não faz sexo há tempos”. Ele estava se defendendo do boato de que teria se relacionado com Nicole Shanahan, ex-mulher de Sergey Brin, cofundador do Google e seu amigo. Não demorou muito tempo para as pessoas começarem a se perguntar: Ficar anos sem ter uma relação sexual traz riscos à saúde?
A ciência diz que sim. Ainda mais se o praticante for uma pessoa saudável, que gosta e sente vontade. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do programa de estudos em sexualidade da USP, o que realmente importa para a medicina é o sofrimento que o paciente experimenta sem praticar o ato sexual, que se desdobra em angústia, mal estar e desconforto.
O indivíduo começa a se perguntar se é bonito o suficiente e o porquê de ninguém se interessar por ele a ponto de não querer ir para a cama. Há outros desdobramentos também, como rejeitar contatos sexuais, por não ter tido êxito nas atividades anteriores e querer evitar novos vexames. É uma bola de neve, que vai ficando cada vez maior até explodir em ansiedade, depressão, vulnerabilidade imunológica e doenças físicas — explica Abdo.
Por questões culturais e também hormonais, as mulheres pensam o sexo de forma diferente do homem. Estimuladas principalmente pelo pensamento e com desejo mais responsivo do que espontâneo, acontece de muitas se submeterem a uma frequência sexual maior do que de fato gostariam em nome da parceria. Em razão disso, acabam fazendo sexo sem sentir prazer ou até com dor para manter a frequência alta. A pergunta que se faz é: Em nome de quê? Isso é qualquer coisa, mas não é sexo saudável.
Segundo os especialistas, uma das consequências da falta de sexo é o estresse, que também é provocado por diversas condicionantes, como a falta de sono e as preocupações diárias. Segundo o estudo de 2005 da USP se detectou menores níveis de estresse entre pessoas que tinham mantido relações sexuais recentes.
A explicação é que a tendência natural fisiológica seria sempre compensar o nosso corpo: Se estamos mal e nossos níveis de dopamina e serotonina diminuem por estarem bloqueados os sistemas de recompensa, teríamos que recorrer a um mecanismo natural como o sexo para tentar desbloquear essa situação, mas não o fazemos de forma espontânea devido aos condicionamentos sociais, morais e culturais que nos dizem que isso não é correto. É um exemplo de como a percepção de nossa saúde e a influência da cultura muitas vezes podem nos bloquear na hora de solucionar nossos problemas de saúde.
A falta de contato sexual também pode aumentar a probabilidade do individuo padecer de disfunção erétil. Segundo um artigo de 2008 no American Journal of Medicine, após fazer o acompanhamento de 900 casos durante cinco anos, os homens entre 50 e 70 anos que tinham relação sexual uma vez por semana tinham a metade da probabilidade de desenvolver disfunção erétil do que os homens que as tinham com menos frequência. Os pesquisadores demonstraram que a atividade sexual regular permite conservar a potência sexual da mesma forma que a atividade aeróbica mantém a capacidade física do corpo.
Por outro lado, as relações que tem pouca atividade sexual tendem a ser de baixa qualidade, porque o sexo é para ser um momento de intimidade, de troca, em que o casal se conecta de outra forma. Quando se tem uma frequência muito baixa, é comum que as pessoas estejam mais distantes, ou seja, pouco conectadas umas com as outras e consigo mesmas, consequentemente, numa relação com pouca possibilidade de plenitude.
É claro que sexo espontâneo, com desejo intenso, ocorre só, em geral, na fase inicial de um relacionamento. Isso não é ruim, pelo contrário. A gente pode fazer acontecer, se apropriar disso e entender o sexo como um critério importante dentro da qualidade de vida. O foco não precisa necessariamente ser a frequência das relações, mas, sim, a qualidade. O mais importante deve ser o quanto se investe em repertório e em resultado, ou seja, quando ambos terminam satisfeitos. Para que exista espaço para essa troca, é preciso investir em atividades conjuntas. Sem isso o sexo acaba não acontecendo. Além de tudo isso, a estimulação da fantasia como forma de reconexão – sextoys, filmes e jogos eróticos é uma boa pedida.
E não esqueça que do ponto de vista do bem estar, sexo quanto mais se faz, mas se quer fazer.
*Imagem Google
ES – 13/10/2022