OPINIÃO – O JOGO É PESADO
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janeiro 27, 2021Um bate papo esclarecedor com o empresário e agropecuarista André Perini
Com a população mundial crescendo a todo o momento, as exigências quanto à produção de alimentos também acompanha esse ritmo. Conforme dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, só no Brasil, estima-se que a população aumente em 1 pessoa a cada 19 segundos. Num futuro próximo de conflitos políticos, divergências ideológicas e escassez de áreas, a pergunta é: Como o Brasil e outros países menos privilegiados financeiramente, mas com tantas terras, farão para alimentar tanta gente, visto que o agronegócio sofre tantos problemas estruturais?
Pois é, mesmo com a multiplicação dos problemas, o Brasil tem se saído muito bem na agropecuária. Um dos maiores e melhores argumentos, que reforça a sua importância são os valores do PIB – Produto Interno Bruto e a extrema expressividade do agronegócio, o que motiva ainda mais o avanço do setor no Brasil.
Sim, o Brasil é um dos maiores produtores de alimento do mundo, com potencial para ser o maior produtor do planeta. Dispomos de vários recursos, principalmente climáticos, que favorecem a vasta produção de alimentos. Além disso, temos uma quantidade de água considerável e potencial de mais áreas agricultáveis, já que utilizamos apenas 7,5% do total delas.
Associado a isso, hoje, há mais pesquisa e investimento em tecnologia, o que difere positivamente nos valores de produção alcançados. Desta forma, o agronegócio vem sendo impulsionado a produzir de maneira eficiente e consciente, uma exigência do mercado externo. Mas ainda temos muitas dificuldades no setor, segundo o agropecuarista André Perini.
O AGRONEGÓCIO DO PONTO DE VISTA DO PRODUTOR
Hoje, o agronegócio sozinho representa 21,1% do PIB brasileiro. Além disso, é responsável por metade das exportações do País, o que demonstra grande poder sobre o saldo positivo na balança comercial brasileira. Só para citar alguns exemplos, nos últimos anos, o Brasil tem sido o maior exportador global de açúcar, café, suco de laranja e soja. Já na pecuária, a adoção de novas tecnologias proporcionou uma base sustentável no campo. Nos últimos 40 anos, a produção de carne de aves aumentou 22 vezes; a de carne suína, 4 vezes; a de leite, 4 vezes; e a produção de carne bovina, 4 vezes. Pesquisas em genética, avanços no controle de pragas e doenças, além da melhoria das pastagens aumentaram de 11% para 22% a média de desfrute dos rebanhos bovinos de corte.
Cinco cultivares de forrageiras da Embrapa são responsáveis por quase 80% do mercado nacional e colocaram o Brasil como o maior exportador de sementes forrageiras tropicais do mundo (sementes formadoras de pastagens). A produção anual de leite duplicou nos últimos 20 anos e o aumento não ocorreu só com a expansão do rebanho, mas também com a produtividade das vacas, a partir da incorporação da tecnologia. Nesse contexto, o suíno light, contribuiu para o desenvolvimento de animais com menor percentual de gordura que hoje representam o padrão do rebanho nacional.
O outro lado positivo do agro, e que está diretamente associado ao sucesso da economia, é que sozinho ele movimenta em média 38% dos empregos do País. Desta forma, é notória a geração de serviço e renda das famílias brasileiras.
Porém, para que o agronegócio continue dando saltos positivos, é preciso manter investimentos relacionados à infraestrutura, principalmente no que envolve transporte.
A CONTRIBUIÇÃO DE UM GOVERNO DE VALORIZA O HOMEM DO CAMPO
O Governo de Bolsonaro tem feito sua parte, foram 38 obras importantes inauguradas nos últimos 2 anos. A obra de transposição do Rio São Francisco foi terminada, levando água a lugares remotos e completamente secos. No Pará, a BR163, estrada onde não se circulava há mais de 40 anos, recebeu ótimo asfalto e hoje os caminhões circulam normalmente ligando Estados a portos essenciais para o setor. Assim foi com os financiamentos mais baratos, menos juros – de 12% para 4% ao ano – e mais tempo para pagar, viabilizando a compra de maquinários e insumos.
O Governo Federal também encontrou problemas seríssimos na Amazônia. Países que usavam ONG’s como escudo foram impedidos de explorar nossas riquezas. Vieram as represálias, movimentos internacionais, imprensa corrompida tudo contra o desenvolvimento do agronegócio que ainda leva a fama de ter o empresário do campo como grande explorador, quando na verdade somos a alavanca de trabalho que move o Brasil para frente.
Para se ter uma ideia, a comida demora 1 ano para chegar à mesa. A carne 4 anos. Mesmo com a reserva ecológica obrigatória de 20 a 25% do território de plantel, conseguimos produzir o dobro em 2020, mesmo em meio a uma crise de saúde globalizada. Exportamos para China e Estados Unidos mais do que o normal e ainda conseguimos abastecer o mercado interno. Claro, tivemos alguns problemas, mas o arroz, por exemplo, é um capítulo a parte do agronegócio.
A disparada dos preços do arroz nas gôndolas vem de um processo longo. As maiores áreas produtoras de arroz sofreram a desapropriação para retomada de propriedade dos índios. Assim, os plantadores de arroz foram expulsos da terra e, é claro, os índios não conseguem desenvolver esse tipo de cultivo em larga escala. Com isso, tivemos uma drástica diminuição das áreas de plantio de arroz, que somada ao aumento das exportações acabaram provocando o desabastecimento. O que, aliás, deve se agravar em 2021, no caso do arroz, feijão, trigo, carne de frango, porco e vaca por conta da seca que esse ano castigou os produtores.
A FORÇA DO AGRONEGÓCIO EM PROL DO DESENVOLVIMENTO DO BRASIL
Talvez o que falte para o agronegócio é comunicação, é levar ao povo conhecimento sobre sua real importância, o quanto de suor e trabalho vem embutido em cada produto que chega a mesa dos consumidores de todo mundo. Apesar de tudo, no Brasil o que se planta dá desafiando até as mudanças climáticas. Muito se fala da diminuição do consumo da carne vermelha no planeta, mas posso garantir que é mais mídia do que verdade. Se não fosse assim, os leilões de safra e gado não se multiplicavam pelo País e a China não teria tanto interesse em investir nos plantéis pecuários brasileiros.
Mas o Agronegócio no Brasil ainda tem muitos desafios a vencer como a legislação complexa dos tributos, a falta de capacitação quanto à gestão empresarial, a utilização de recursos financeiros inadequados, e a ausência de homens no campo. Mesmo assim, acredito que o mercado interno juntamente com as exportações, com a expansão da fronteira agrícola, com os ganhos de produtividade e a tecnologia a serviço das intervenções climáticas, deverão ser os principais fatores de crescimento do agronegócio no Brasil nos próximos anos.
Compare! Os 05 pacotes emergenciais de R$ 600,00 do Governo Federal custaram aos cofres públicos 60 bilhões por mês, e os 3 de R$ 300.00 custaram mais 30 bilhões por mês. São ao todo 390 bilhões em socorro para o povo brasileiro não morrer de fome. Imagine se não tivessem o que comprar para comer ou se esse montante tivesse sido investido no agronegócio para alimentar o mundo?
Foto: André Perini
*Fonte de dados EMBRAPA / dez/2020