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março 23, 2021OPINIÃO
Nayib Bukele, presidente de El Salvador é um jovem conservador de direita, que está fazendo uma revolução num país cujos cidadãos estavam fartos da corrupção e do crime organizado. Colocou ordem na casa, abriu o país para o mercado, fez aliança com Trump e tem aprovação da maioria da população. Qualquer semelhança de atitude com alguém que os brasileiros conhecem bem, não é pura coincidência.
AOS FATOS
Nayib Armando Bukele Ortez tem 39 anos, é um empresário e político salvadorenho, e o atual presidente de El Salvador. Foi prefeito de San Salvador pela Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, governando a cidade entre 2015 e 2018. Já em 2019, foi eleito presidente da República pela Gran Alianza por la Unidad Nacional. Vestindo casacos de couro, meias coloridas e um boné de time de basebol, sua marca registrada, Bukele está longe da imagem habitual de um chefe de Estado. Mas além do visual, o jovem presidente chama atenção por sua estratégia política.
TENDÊNCIA A POLÊMICAS
Nascido na palestina, Bukele sempre se apresentou como um personagem próximo do povo. Uma retórica que o ajudou a vencer a eleição presidencial de 2019, na qual acabou com a tradição do bipartidarismo que dominava a política de El Salvador desde o final da guerra civil em 1992. No dia de sua posse, o novo presidente organizou uma cerimônia ao ar livre, em uma praça no centro de San Salvador, quebrando o protocolo e reforçando sua imagem de político acessível.
Desde a vitória, ele multiplica medidas para reforçar a aura de “salvador de El Salvador”. Foi assim que, no auge da crise sanitária, entregou um bônus de US$ 300 a famílias necessitadas, além de alimentos e insumos para enfrentar a pandemia de Covid-19. Gestos que tiveram um impacto mais que positivo em sua popularidade, principalmente em um país onde a dívida externa alcança 90% do PIB.
Representante da “geração Y” – como são chamadas as pessoas que nasceram no início dos anos 1980 – Bukele sabe usufruir dos benefícios das redes sociais, nas quais é bastante ativo. As imagens de sua vida em família, que ele posta frequentemente, são compartilhadas em seguida por seus partidários e chegam a viralizar. Essa postura de “millenial” começou a ser construída desde que foi eleito prefeito de Nuevo Cuscatlán, entre 2012 e 2015, antes de assumir a prefeitura da capital. Quando dirigia San Salvador, ele chegou a ser suspenso de suas funções por ter insultado vereadores, marcando mais um ponto no perfil “disruptivo”.
Contra as gangues Do ponto de vista político, o chefe de Estado não hesita em abordar temas delicados. Além de criticar abertamente os partidos tradicionais, ele acusa a velha guarda da política salvadorenha de não ter feito nada pelo povo ou pelas vítimas da guerra civil (1980-1992), a ponto de questionar os acordos de paz firmados.
Outro tema recorrente em seu discurso é a luta contra as “maras”, as gangues criminosas que semeiam o terror no país. Mas, para seus opositores, essa estratégia esconde um personagem autoritário e pouco respeitoso das normas democráticas. Um temperamento que Bukele mostra em ocasiões como, no ano passado, quando invadiu o Parlamento acompanhado de policiais e militares armados apenas para pressionar os deputados.
Até agora seus rompantes foram bloqueados pelo Parlamento, que impediu ações mais extremas em seus dois primeiros anos como presidente. Mas, com o resultado do pleito e o apoio da Casa, a história mudou, e com o controle legislativo, o presidente poderá influenciar as nomeações no Tribunal Supremo de Justiça, na Controladoria e na Promotoria, órgãos com os quais teve disputas do passado. Além disso, a partir de agora, ele terá portas abertas para promover todas as reformas constitucionais que desejar.
*JP *G1 *Uol *EL Madrid
ES – 23/03/2021