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UM SER ALÉM DE MIM (2024)

Esta é uma obra de ficção baseada em fatos reais e pessoais. Os textos de autoria de Eliege Signorelli trazem respostas positivas aos desafios que todos enfrentamos ao longo da existência, com uma visão intimista, otimista e reconfortante.

SOBRE MEU LIVRO

Não sei você leitor, mas em alguns momentos dessa minha existência, eu me sinto uma menina evitando um encontro no espelho com a Eliege real. E passados os anos no calendário, sim, eu ainda alimento algumas dúvidas sobre amor, convivência, relacionamentos pessoais e profissionais e sobre a minha independência de Ser, que muitas vezes não permite a liberdade completa do meu desejo de Estar. E depois da metade de uma existência, nessa onda de calor constante – literalmente – em que me vejo, eu devo aceitar o conselho daquela que ainda reflete o espelho: REINVENTE-SE!

BIOGRAFIA

Meu nome é Eliege Cristina Machado, tenho 60 anos, e 25 deles de profissão só na área da comunicação. Por conta desse trabalho, sou mais conhecida como Eliege Signorelli, sobrenome que herdei de uma família maravilhosa. Esse livro em crônicas é um relato despretensioso da minha vida pessoal e profissional e de ensinamentos que aprendi na prática, como a pesquisadora e jornalista que tecnicamente nunca fui. O bom é que sempre existiu UM SER ALÉM DE MIM para viver essa experiência.

UM POUCO DO LIVRO

(...) Meu nome é Eliege Cristina Machado, mais conhecida como Eliege Signorelli por conta da profissão. Esse livro em crônicas é um relato despretensioso da minha vida pessoal e profissional e de coisas que aprendi na prática, como a pesquisadora e jornalista que tecnicamente nunca fui. O bom é que sempre existiu um ser além de mim para viver essa experiência... Eu nasci em uma família simples de quatro pessoas: Papai, mamãe e uma irmã mais velha. Meu pai tinha o sonho de que suas filhas se formassem na faculdade, e talvez para agradá-lo, me formei em três com algumas especializações. Porém, as circunstâncias profissionais, por começar a trabalhar muito cedo, me levaram a outros caminhos e acabei não cursando o que de fato eu havia sonhado: Jornalismo...

(…) A todo o momento querendo ou não, consciente ou inconsciente, por ação ou omissão, estamos sempre escolhendo. E, como dizem alguns especialistas: Nunca é demais lembrar que até quando eu não escolho já é uma escolha. Dessa forma, a opção por comandar a própria vida nos obriga a estar conscientes das escolhas que fazemos, pois é esta consciência que nos permite assumir a responsabilidade pelos nossos atos e, consequentemente, continuar caminhando numa reta ou mudar de direção. Ao longo do meu caminho, algumas escolhas deram certo em determinados contextos, mas adotadas em outros elas se revelaram profundamente negativas; também sugeriram respostas totalmente inadequadas e indesejadas da minha parte, transformando um ato falho num tempo de culpa e constrangimento…

(…) Não dá para ficar estático esperando as coisas acontecerem. É preciso estar em movimento, é preciso continuar seguindo em frente. Se ficar atento, aprendemos isso muito cedo, eu aprendi quando estava na terceira série primária e queria ser escritora. E acho que desde aquela infância eu já sabia que nenhum de nós tem disponibilidade de tempo para parar diante do caminho, tentando decidir para onde ir. É preciso ir, seja lá para onde for, é preciso arriscar uma direção. As escolhas nem sempre são certeiras, nem sempre trazem momentos felizes, mas trazem lições e é preciso saber enxergar as experiências boas ou ruins com amor. Amor a si mesmo, autoperdão, autocompreensão, autocompaixão… Isso ninguém ensina, ao longo da sua jornada é você quem carrega o fardo e se livra dele do jeito que der ou arrasta pela jornada. Eu me lembro de que criança eu já me revoltava com injustiça, com pessoas e até com Deus…

(…) Temos poder suficiente para sobreviver a cada dia, mas a maior parte dele é usada para manter os compromissos que nos atrelam ao sonho de tantos, menos ao nosso. E a pergunta que nos fazemos parece absurda, porém, fazemos: Como podemos realizar o sonho de nossa vida quando percebemos que não temos força para mudar o mundo? A resposta é simples:…

(…) E por mais que a luta diária seja sempre para superar a nós mesmos… E, “Apesar de termos feito tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”, já dizia Belchior em 1976. Comparando-se ao contexto dos anos 70/80, atualmente, ainda se vê homens que se assustam com a nova paternidade, e mães emocionalmente despreparadas. No caso dos homens, em parte, eles foram educados sob outros padrões de valores, e quando se vêem à frente de situações até então compelidas à mulher, sentem-se despreparados. Deixar de lado os dilemas emocionais e arregaçar as mangas, passando a trocar fraldas, preparar mamadeiras, dar comida, frequentar as reuniões escolares, entre outras coisas que vão muito além de pagar contas, parece mesmo assustador. No entanto, hoje, o carinho tanto de mãe quanto de pai…

(…) Os almoços do primeiro dia cristão da semana reuniam toda a família numa única mesa para comer puchero – tradicional comida espanhola a base de grão de bico – e tomar sopa fria – mistura de sagu com suco de vinho e frutas – uma tradição espanhola que a pouca visão de futuro e a simplicidade nunca foram capazes de destruir… O último Natal que passamos no cortiço…

(…) Em geral, faz parte da fantasia feminina, principalmente daquelas que não atingiram suas expectativas de relacionamento, gerar uma filha que possa dar continuidade aos seus sonhos ou para quem possam proporcionar todas as oportunidades que elas mesmas não tiveram. Ou seja, a crença no casamento perfeito e a vontade de mãe de ver a filha feliz e realizada como esposa, somadas à proximidade e aos laços intensos que a unem a filha, justifica a busca constante de uma na outra, ciclo vivenciado por quase todas as mulheres ao longo de suas vidas e que poucas tentam ou conseguem romper. Talvez por isso, aquelas mulheres que tiveram dificuldades na infância com figuras maternas, acalentem a ideia de constituir uma família que tenha início com um pilar como um bom “príncipe encantado”…

(…) “- Come de boca fechada menina!”. “- Fecha essas pernas para sentar”. “- Se você responder de novo vai levar um tapão na boca”. “- Essa pergunta vai ficar sem resposta.”… Vamos dizer que a minha mãe não era exatamente uma megera, mas que a rigidez dela educava uma criança… Ah, com certeza. Por outro lado, embora educada, reconheço que eu nunca fui uma criança fácil. Desde cedo eu já era contestadora, e sob a imposição do NÃO, sempre vinha uma pergunta na reta: POR QUE NÃO? Perdi a conta de quantas vezes eu fui suspensa, ainda no Ensino Fundamental, por tomar partido de amigos e defender causas, discutir com os professores e argumentar com a diretora. Contudo, educadamente contestadora. Aliás, num País recém-saído de uma Ditadura, contestar para os adultos já era um pesadelo, imagine então para uma adolescente…

(…) Perdidamente apaixonada por Marcos, um garoto de 17 anos, cheio de espinhas e, segunda ela, “encantadoramente” vesgo; no intervalo, Silvia combinou, através das grades, um encontro no banheiro masculino… No corredor eles já haviam se pegado enquanto um arrastava o outro para um compartimento que não tinha mais de dois metros quadrados, contando o assento sanitário e o cesto de lixo… Convenhamos que perder a virgindade num cubículo de um banheiro masculino não é o sonho da primeira vez de nenhuma mulher… Mas essa não era a prioridade de Silvia, aos 18 anos, seu objetivo era romper o hímen que limitava sua liberdade, em qualquer lugar, com a “flecha destemida” do Marcos, a única e absoluta exigência…

(…) O excesso de expectativas em relação ao outro é um grande agravante da decepção. Não julgue os demais por si mesmo. Não faça comparações que não caibam… Alimentamos teimosamente a crença de que o outro não vai errar dessa vez, e nos colocamos no meio de seu caminho como uma tábua de salvação. O que encontramos com esse comportamento? A frustrante e implacável decepção. Esquecemos que na grande maioria das vezes a decepção só importa para nós mesmos. Ninguém está realmente preocupado se você está triste ou sofrendo. Frustação é sentimento que não se divide, lamentar é tarefa de quem fica para trás…

(…) A inveja que não me permito sentir é bem diferente dessa inveja ingênua, mas não menos tóxica pra si, e que, contudo, não faz mal a ninguém. Eu realmente aprendi a nunca desejar coisas ruins para outras pessoas. Nem mesmo àquelas com as quais não compartilho sentimentos muito nobres. Até porque, tudo que a gente deseja volta, e dizem que meia dúzia de vezes mais forte.
Na verdade, eu cresci querendo ser a dona das minhas próprias coisas, e isso não me torna uma santa nem equilibra a pura da impura…

(…) Sem querer parecer arrogante, considero-me uma mulher inteligente. Parto do princípio que bom senso e autoconhecimento são elementos que comprovam a definição de um bom cérebro… Mas… Quando o meu coração sobrepõe-se a minha razão, parece que nasci pastando com os burros numa vasta área de capim santo. Não sei se esse sentimento em mim é único ou compartilhado com outros, pelo menos é como eu me sinto diante do amor.
Passava das 15h e o cansaço me fez lembrar que faltava algo no meu estômago… De frente para a geladeira que ecoava o vazio, achei um iogurte e uma maçã. Deliciando-me com o cardápio pra lá de light, sem culpa, ouço um trililim… Uma chamada me dizia que alguém estava no meu Inbox, no Facebook…

Homem para mim é sinônimo de força, coragem e proteção. Posso ser tudo isso sozinha, claro, mas gosto de um bom protetor… Ainda admiro os homens que sabem como agradar uma mulher; aquele que tenta uma cantada ruim com propósito sincero; que abre a porta do carro; que dá flores, que compartilha sentimentos bons e ruins; que não se importa em mostrar o coração e cujos braços estão sempre abertos para acolher uma mulher em um dia em que as coisas não deram muito certo. Entretanto, tudo isso junto deve formar um bom…

(…) Minha geração foi assim: Quando crianças, as filhas mais velhas eram as que pagavam o pato de uma bagunça bem feita na casa. Além da bronca, elas eram obrigadas a recolher a sujeira. Quando adolescentes erámos consumidas pelas dúvidas amorosas, o início da TPM e o desafio de se preparar para ser uma jovem educada, sensível, feminina, que senta com as pernas fechadas e que deve ter, pelo menos, uma noção de como cuidar de uma casa e de uma família.
Aos 18 anos, já estávamos cansadas de tantas regras, mas ainda precisamos aprender a conquistar um homem que nos levasse ao altar. Com a certidão de casamento nas mãos, agora, tínhamos de saber quando a cegonha iria cruzar o céu para derrubá-la dentro de casa. Enquanto isso, os meninos…

Naquela época…

Odeio fazer exercícios, mas quando diante do espelho eu percebo que não há mais como fugir deles, volto para academia e faço três meses de intensos “sacrifícios”. Claro, esse tempo vale para que o resto do ano eu me transforme em uma sanfona.
Viu! Você tá sabendo da fulana? Largou o marido para ficar com o personal… Como assim? Aquele empresário rico e tradicional? Ele mesmo! E você não sabe, o personal é pobre… O que? Ele é pobre amiga… Ela trocou um homem educado, charmoso e bem de vida para ficar com um saradão pobre? Não acredito! O que deu nela? Ficou louca? Você não acha que ela podia ter ficado
com os dois?
E tem mais… Têm mais?…

(…) A mulher gato se casou, pariu a cria e entrou na menopausa… Ela já não é mais curvilínea, mas se cuida compartilhando o atum com a família Batman. Ela também não é obrigada a dar bom dia sorrindo quando está de mau humor, nem fazer o café da manhã ou levar as crianças ao colégio. Agora, os afazeres da casa podem ser divididos com o Homem Morcego que trocou o tanquinho por uma leve barriguinha. Se quiser, ao final de um longo dia caçando criminosos, a Mulher Gato vai para cama depois de atacar o aquário, e passa a noite satisfeita, dormindo e espreguiçando ao lado do Batman desmaiado.
Algumas noites ela cai na farra…

(…) Hoje vamos conhecer meus pais, disse o então namorado em tom de brincadeira… Era um domingo à tarde em que os palmeirenses disputavam uma final de campeonato. Jogo do Palmeiras na Mooca era sinônimo de ruas vazias e bandeiras na fachada. Quando chegamos ao portão o jogo havia recentemente acabado, o Palmeiras havia vencido, os carros passavam buzinando alto e tremulando as bandeiras… Enquanto isso, o casal se despedia da ex-esposa do meu namorado… Uma saia justíssima, já que havíamos chegado sem avisar…

(…) Porque Mulher é coisa feita de chuva, vento, fogo, mar, areia, Mulher é feita de terra… É feita de fruta, Mulher se come… Mulher é feita de cheiro, de pó de guaraná, Mulher causa ereção… Mulher é feita de céu e de sol, Mulher clareia… De nuvem, elas são capazes de nos fazer viajar… Para se entender uma Mulher, é preciso pisar descalço na grama molhada e depois deitar e imaginar seres mais reais que você, homem como eu…
Você precisa entender que Mulher não é livro…

(…) Ao contrário do que você possa estar pensando, o problema dos relacionamentos contemporâneos não reside no fato de que não somos carros grandes, elegantes e confortáveis. Qualquer carro novo é bonito e gostoso de dirigir, tem um delicioso cheiro de couro na grande maioria das vezes – exceto na garagem do vizinho ou estacionado na concessionária onde o olfato perde a importância e desperta o desejo.
A tristeza da coisa está na constatação de que estamos vivendo uma espécie de “veicularização” da afetividade. Isso significa que, devido à alta oferta de carros no mercado, ninguém consegue focar em apenas um tipo…

(…) Márcia era minha melhor amiga na faculdade… Era uma daquelas loucas que adoram uma cartomante, jogadora de búzios, tarô… Era influenciada por qualquer pessoa que dissesse: “Olha, conheço uma incrível”… Quem já não teve uma amiga assim?… Já eu, sempre fui muito cética com adivinhações, e nunca me interessei por previsões… Por outro lado, adoro avaliar personalidade com as características do horóscopo, e sou uma escorpiana com ascendente em escorpião, o que me torna uma pessoa bem desconfiada… Mas a Márcia vivia em cartomantes…
E no dia do aniversário dela…

(…) Nós mulheres passamos parte da nossa vida, pelo menos até os 40 anos, acreditando que não basta ser quem somos. Temos de carregar o estigma da neurótica, depressiva, ciumenta e insegura. Temos de brigar, espernear, exigir propriedade sobre os companheiros, ser aquela mulher que, muitas de nós deixaram de ser num passado bem próximo, por pura escolha madura. Aquela parte de mulheres que o tempo transformou para melhor e que a maioria dos homens ainda tem dificuldade para perceber, compreender e aceitar.
Depois dos 40 anos estamos mais seguras sim, mais independentes, emocionalmente mais equilibradas, mas chego à conclusão de que ainda não conquistamos o direito de sermos plenas e inteiras se solteiras. A sociedade ainda não…

(…) Quem viaja expande horizontes e conhece novas pessoas, amplia laços afetivos e, acima de tudo, constrói memórias incríveis. Isso porque, as situações às quais somos submetidos quando estamos longe da nossa zona de conforto – família, trabalho, amigos e rotina – são capazes de nos desafiar, promovendo aprendizado e experiências que vão ser válidas para toda uma vida… O curioso é que – Viajar e se relacionar com alguém tem propósitos bem parecidos…
Dizem que quem viaja sozinho uma vez, nunca mais vai querer viajar acompanhado. Nesse contexto…

Um forasteiro numa terra tão querida (2004)

(…) Estranho, quando cheguei aqui, vinda de uma grande cidade como São Paulo, onde as tradições se perderam em meio a dinâmica um tanto desconhecida da metrópole; quantas famílias aqui não guardavam com particular orgulho a longínqua e, até duvidosa, ligação do antepassado com aquele homem fundador da cidade, de poucos, mas legítimos amigos, e de sobrenome estampado em 10 de cada 09 placas de rua? Mesmo diante do que possa parecer moderno e evolutivo, vi, e ainda vejo quantos se vangloriam de ter um remoto parente integrante da restrita intelectualidade ou da política local?…

(…) Quando alguém me pergunta se eu tenho uma religião fico na dúvida. Prefiro que me perguntem no que eu acredito porque é bem mais fácil de responder… Por quê? Porque eu acredito em Deus, que para mim, é apenas um ser que sabe imensuravelmente mais do que eu, e, como costumo respeitar quem tem conhecimento, eu acredito que exista uma energia maior que rege o universo e a criação… Só pode ser um Deus… Porém, sobre a história de Jesus, confesso que tenho minhas dúvidas…
Embora eu pense que não exista uma mentira que perdure tantos anos, no meu entendimento faltam alguns detalhes…

(…) Foram longos dias de UTI e cuidados especiais com as duas pernas quebradas em pequenos pedaços, braços fraturados, clavícula quebrada, punhos comprometidos e alguns órgãos danificados… Mas Deus, em sua infinita bondade, deu a Léia uma chance de terminar a sua missão. Não sem antes sofrer um bocado… Longos quatro meses de uma dolorosa recuperação além de algumas sequelas…
Eu e ela já passamos por muitas coisas juntas em 25 anos de amizade… Tudo começou quando recebi meu filho Octavio e precisava de um berçário…

(…) O político é aquele inimigo que o engole. Ele odeia você, mas acha que tem mais a perder sendo seu inimigo do que fingir ser seu amigo. Então, ele finge para os outros que adora você e para você ele diz que o admira. O mais comum dos inimigos. Não faz nada para prejudica-lo, mas se puder ajudar na sua boa reputação, ele se omite. Cuidado com ele porque pode confundir você.
E diante de tantos perfis ameaçadores, quando eu reconheço um inimigo não faço a menor questão de agradar. Por outro lado, sou o tipo de inimigo que as pessoas deveriam adorar ter…

(…) Nesses preciosos encontros sempre acontece alguma coisa que marca cada um deles dos quais rimos muito cada vez que lembramos juntos. Tanto eu quanto o Itta temos profissões que estão alicerçadas na network. Conhecemos muita gente e muita gente nos conhece. Isso inclui não só pessoas comuns, mas profissionais do comércio. Portanto, os convites estão sempre espalhados sobre as nossas respectivas mesas e, vez ou outra, nós partimos para conhecer uma loja, bar, café ou restaurante – juntos. E considerando que nossos encontros acontecem sem muito planejamento, e que o Itta vive me colocando em ciladas gastronômicas… Segue o roteiro surreal…
O celular toca: Oi Li você já foi conhecer o restaurante da Picanha Especial?…

(…) Eu certamente já vivi mais da metade da minha existência e ainda conservo amigos que fiz quando criança, no jardim da infância. É certo também que alguns eu passo muito tempo sem ver, mas quando nos encontramos é sempre uma festa, momentos felizes, constrangedores e engraçados para recordar.
Amizades verdadeiras edificam, somam, iluminam como farol… Amigos falam quando necessário e calam com a mesma sensibilidade. Eles são tão grandes que se destacam, tão raros que consagram e tão frágeis que nos fortalecem.
Tendemos a não nos lembrar das dificuldades pelas quais passamos, mas sempre lembramos que ao lado, segurando a nossa mão sempre esteve um amigo solidário que rezou por nós mesmo sendo cético e compartilhou nossa desesperança…

(…) Salada, salada, bifinho mal passado, salada, salada, filezinho de frango grelhado, salada, salada, filé de peixe branquinho… Quer cardápio semanal mais “saboroso” do que este? Manter-se no peso ideal é um verdadeiro sacrifício a que, principalmente nós mulheres, nos submetemos para passar uma mensagem visual que deveria ser entendida com olhares e palavras… O leitor não concorda comigo?
Felizes as vitorianas, nosso contraponto. Elas concorriam para ver quem pesava mais e tinha mais sobras… E não é que foi uma época onde as orgias foram incansavelmente poetizadas e pintadas pelos artistas mais conceituados do mundo?
Convidadas para um jantar chiquérrimo no museu do MASP, em São Paulo, em homenagem a uma artista plástica famosa, recém-chegada de uma brilhante exposição no Japão… Eu, Marilú e Angélica passamos três dias nos encontrando, na hora do almoço, na Oscar Freire, endereço elegante nos Jardins, em São Paulo, com as mais requintadas boutiques da cidade, para escolher a roupa e os sapatos perfeitos para o evento…

(…) Só para entender, segundo a literatura, amor platônico se refere a alguém que seja perfeito, eterno e imutável, mas que só existe em ideia, que é entendido como um amor idealizado, irreal e fantasioso, onde o objeto amado é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem defeitos.
Meu primeiro amor platônico aconteceu aos 17 anos e durou até os 30, quando enfim, eu namorei com quem me casei. Mas o platônico (1) foi responsável por alguns estragos na minha autoestima, recuperada mais tarde com novas experiências reais…

(…) Eu já nem me lembro mais quanto tempo faz que eu passei pelo “batismo” da irrequieta, ansiosa e impaciente artista plástica, Adriana Ferrari. Se um dia eu tive a pretensão de ser uma profissional centrada, que coordena sua carreira e seus projetos, essa pretensão deixou de existir no dia seguinte em que começamos a trabalhar juntas.
Estar na companhia de Adriana é como estar numa montanha russa em tempo integral…
As portas do salão principal se abriram e por ela, além de um homem lindo, charmoso e muito simpático, com um catálogo nas mãos, estava quem?
Adriana Ferrari… Seu objetivo? Conseguir uma visita dele e a exposição para Indaiatuba…

(…) Num “jogo” de quebra-cabeças que pode ter sido desmontado ou remexido que é a vida da gente, lidamos com um entra e sai de pessoas que na maioria das vezes causam danos irrecuperáveis. Tentamos remonta-lo e nos damos conta de que as peças já estavam separadas há um tempo e já não se juntam mais… Logo, foi preciso perceber o verdadeiro tamanho do vazio sem a presença e a dinâmica de alguém que preenchia tantas lacunas nesse processo de autoconhecimento chamado vida.
O luto de uma pessoa madura dura menos, mas é inevitável. É um tempo de esquecimento e reconstrução. E na fragilidade do momento, exploramos camadas mais profundas do nosso ser interior onde as feridas precisam de um tempo para ser curadas…

(…) Eu me lembro dos passeios de mãos dadas e das escaladas em que você me levava no colo ou na garupa de uma moto. Nós dois juntos, amparados, sentados no topo, no silêncio do interminável, eu lembro sim…
Eu me lembro das juras de amor eterno, dos planos de aposentar no campo ou na praia, dos nossos passos na areia tentando eternizar o que realmente importava.
E me lembro de nos esbarrarmos pela casa quando nos adaptávamos um a rotina do outro…

Meu avô dizia: “Se você não estava presente, não testemunhou e nem ouviu – não comente por educação. Se estava presente, testemunhou e ouviu – não comente porque não é da sua conta”. Simples, assim…
Seu comportamento diante das conversas revela a pessoa que você é. Uma pesquisa sobre comportamento humano, encomendada há algumas décadas…

(…) Fomos acomodadas num sofá, daqueles confortáveis que abraçam a gente… Gentilmente fomos servidas de um suco deliciosamente perfeito. Aliás, perfeitas pareciam todas as mulheres daquela sala. Bem vestidas, bem tratadas e com sorrisos perfeitos estampados em rostos perfeitos…
Quem me conhece um pouco sabe que eu tenho arrepios pela ideia de se tentar convencer outros sobre algo que eles não estão preparados para aceitar ou simplesmente desconfiam… Também não suporto ser surpreendida e gosto das coisas bem claras… Bem claras mesmo…

(…) Enfim… Quase que saindo da cidade, chegamos à frente da casa. Era um lugar muito simples, devia ter um quarto, uma cozinha e um banheiro, mas tinha um quintal gramado muito grande, com vários gatos, cachorros, galinhas e crianças, todos pareciam em perfeita harmonia… Foi lá que nos encontramos…

Bom dia. Como vai a senhora? Nossa… Quanto tempo… É você mesmo?… Sim, sou eu, nem me lembro de quanto tempo… Mas vim até aqui para lhe entregar essa mensagem do seu filho… É eu sabia… Sabia? Como?… Eu sonhei com um anjo que desceu do céu e veio me entregar uma carta…

(…) A virada do ano em Paris é gloriosa, um show de luzes e muita, mas muita gente na Champs Elysées. A energia é ótima e a mistura dos povos é incrível.
A meia noite é comemorada entre os milhões de pessoas presentes sem preconceito; todos se cumprimentam e dão as mãos… Indescritível… “Mãe, não vá se perder… Tá bom Octavio… Mãe, sua mão está azul, congelada… Vou colocá-la no bolso… Põe a luva mãe…”.

Céus!!!… Perdi o Octavio… Me distraio com as alamedas cheias de lojinhas e o “menino” vai parar onde? Na Praça de São Marco, num concerto de cravos do século XIV, ao ar livre… Pensa numa cena linda para guardar pelo resto de sua vida de mãe…

(…) Com muito publicado no Jornal Cidade & Notícias ao longo de cinco anos, podia me arriscar e publicar um livro, mas a ideia foi impedida por um descuido meu que matou a expectativa. Não cuidei pessoalmente dos meus arquivos ao longo dos anos, deixei-os a cargo de alguém que não pretendia me ver feliz e realizada no futuro. Num primeiro momento me senti perdida, porém, o tempo me fez ver o grande desafio a que esta mesma pessoa me lançou: Começar do zero. E foi o que eu fiz! Mais uma vez, me reinventei…

Minha primeira entrevista de emprego foi hilária…

(…) Ao longo da minha trajetória, aprendi que o querer deve ser seguido do fazer. Ter boa saúde, morar bem, comer bem, ter uma família organizada e sem dificuldades financeiras que não possam ser ajustadas, trabalhar o suficiente e viajar, viajar, viajar… Parece simples? Simples sim, mas não simplório. Pelo menos 60% das pessoas em atividade gostariam de ter esse “simples” que exigiu de mim uma vida de perdas pessoais, frustrações, decepções, pés cansados, desejo de sono… etc… etc…etc.
Para os que sonhavam com o poder, o preço deve estar sendo bem caro e o objetivo se tornou um desafio, ou seja,…

(…) Perdi a conta das vezes que fui convidada por partidos de direita, esquerda e centro para sair candidata a uma vaga, mas confesso que gosto mais dos bastidores do que da exposição, assim, nunca aceitei. Na verdade, quando se trata de política e cargos, minha esperança é bem tímida. No entanto, tenho minhas opiniões, construídas a partir de anos seguidos em assessoria.
Pesquisar ideias, escolher um lado entre „direita e esquerda‟, se informar sobre as pautas de cada partido, além de se inteirar sobre passado e presente de cada candidato já é um grande passo. Nesse contexto, a…

(…) Talento para escrever é algo que não é ensinado em sala de aula. A escrita vem da alma, não se adquire apenas com uma ortografia perfeita, com diploma e tampouco se garante uma identidade com o leitor tendo estudado numa boa universidade. Um texto forte e bem colocado é a soma da experiência com a arte de se comunicar seja verbalmente ou pela escrita. Passar sentimentos e ideias para o papel depende também do quanto um redator está disposto a se expor. Um texto jornalístico é técnico, imparcial e quanto mais preciso mais eficiente, verdadeiro e direto, o que faz de um profissional da área um expert em narrar fatos. Isso tem uma importância que a maioria dos leitores não enxerga…

Pronto! Agora que você leitor já conhece um pouco do livro UM SER ALÉM DE MIM, tem 47 capítulos para você acompanhar essa história… Adquira o seu livro no site ou nos links informados. Eu espero que você faça uma boa leitura… Divirta-se!

UM SER ALÉM DE MIM (2024)