Criar expectativas é algo inerente ao ser humano, assim como o sentimento de frustração. Mas quando esses dois comportamentos se encontram numa situação onde se espera mais do outro do que de nós mesmos, mas acaba em decepção, travamos um desequilíbrio do amor próprio e esse desequilíbrio pode desencadear uma série de outros males no inconsciente humano; e cabe a nós potencializarmos a esperança e o amor próprio para um convívio social mais maduro e feliz.

Partindo do princípio de que a expectativa é o oposto da realidade, trabalhar as relações afetivas, da secretária do lar ao parceiro de vida, dentro da realidade, evita frustrações. Até porque, é natural que nós tenhamos expectativas em relação às pessoas. O fato é que ninguém pode completar o meu bem estar.

O grande problema é que a frustração em relação ao outro acaba gerando em mim a não realização de uma completude, ou seja, “meu parceiro, sendo um bom marido, eu serei feliz”. Eu deposito no outro uma realização, e claro, somos realizados se houver um bom relacionamento com um bom sócio, por exemplo, que gere um bom resultado numa empresa; com um bom amigo que eu espero que seja leal a mim; porém, eu crio uma relação de dependência, porque tudo que não está ligado apenas a mim, depende do movimento do outro, da evolução do outro. É por isso que as frustrações se tornam tão pesadas. “Porque eu esperava que o meu marido fosse um bom marido para que eu fosse feliz ou mais feliz.”. Quando na verdade, eu devo ser feliz comigo mesmo, antes de tudo.

Por que não buscar a felicidade e o entendimento dentro de nós mesmos? POR EXEMPLO: Será que realmente todas as pessoas que não são casadas não são felizes? Será que todas as pessoas que sofrem uma infidelidade não conseguem mais ter a felicidade dentro de si? Uma pessoa precisa de uma família tradicional (pai, mãe, filhos e cachorro) para cumprir o papel da felicidade que nos é imposto desde a infância?

Precisamos observar que as relações são fatos separados. E que individualmente nós temos os nossos vazios, nossos medos, raivas e tristezas, e que sim, podemos superá-los sozinhos, mesmo que com ajuda profissional. Ou seja, devemos olhar para nós mesmos sem determinar para o mundo ou para o outro as condições que nos fazem estar melhor ou ser uma pessoa melhor. Buscar felicidade, realização, esperança, coragem, alegria, segurança dentro de nós, compreendendo que sim, eu posso ser muito feliz só comigo mesmo – ou apesar de ser feliz com o outro.

Uma pessoa de bem consigo mesma torna-se um ser humano melhor. Um melhor parceiro, pai, filho, sócio ou amigo. Essa pessoa entenderá com mais leveza quando as expectativas que são automáticas do nosso cérebro não corresponderem à realidade. Compreenderá que, o outro é o outro, em estado evolutivo de maturidade. Aquele que já é feliz e está bem e busca isso dentro de si, terá paz e maturidade para compreender que a sua frustração foi por uma expectativa depositada no outro, não condizente com a realidade. Neste momento, a frustração terá muito menos peso e dor ou menor dor. E assim a pessoa consegue ser mais dona das suas próprias emoções. Lembrando que emoção não se controla, é algo que se cuida dia após dia, através de autodescoberta. Nesse contexto, a fonte do nosso bem estar está no INTRAPESSOAL.

É importante ressaltar que pessoas que não estão bem, não estão em paz e não estão felizes, nos fazem correr o grande risco do desassossego. Bem estar e paz contagiam positivamente os que estão à sua volta, mas a vida por fora de nós nem sempre é reflexo daquilo que estamos por dentro. Considerando o atual panorama mundial, quando buscamos dentro de nós coisas boas, porque  fora existe estresse e extrema ansiedade, nós podemos fazer da nossa vida interna exemplo para que outras pessoas ao nosso entorno possam construir ambientes mais livres, leves e mais conectados a elas, e isso inclui a nós, seus parceiros.

Resumindo: Podemos ter uma melhor qualidade de vida, eliminando a esperança no outro e colocando a esperança em nós, eliminando expectativas do outro e colocando expectativa em nós mesmo, concentrados no próprio umbigo enxergamos melhor onde estamos e onde podemos chegar, fazendo com que a expectativa se torne realidade.

Descanso de consciência: Relaxe. Tome um banho e reflita nas expectativas que você já depositou nos seus últimos relacionamentos com pessoas importantes do seu universo, e que não se tornaram realidade. E, que o sofrimento resultou em dor porque você, no fundo, depositava esperança de CURAS INTERIORES nessa relação.

Para fechar, tenha grande amor e boa expectativa pela pessoa mais importante desse mundo: VOCÊ.

Fonte de pesquisa: Laerte Eugenio Perez – Médico, pós-graduado em Psiquiatria (UNIFESP), professor de psicologia e pesquisador de métodos de aprendizado acelerado.

ES – 03/08/2022