Isso explica as confusões de interpretação de texto dos brasileiros e a falta de entendimento ou um entendimento equivocado dos acontecimentos atuais. Talvez explique também o crescimento do interesse de crianças, jovens e adultos por conteúdos cada vez mais visuais, auditivos, porém vazios de informações relevantes. É a educação formal dando um espaço cada vez maior para o analfabetismo funcional.

Isso faz pensar que não se trata de uma reação em cadeia, trata-se de cultura às avessas, aquela que impõe aos mais jovens apenas os conhecimentos convencionais que não coloquem em risco a hegemonia do poder entre aqueles que o dividem. Ou seja, empobrecer culturalmente para poder escravizar e dominar, o que num sentido menos filosófico quer dizer criar uma legião de mão de obra silenciosa, barata e dependente do sistema por seguidas gerações, por meio de mentiras e narrativas incontestáveis; uma censura controlada.

Por outro lado, a literatura alcança cidades e estados onde a educação formal apresenta uma qualidade maior. Santa Catarina lidera o ranking de leitores no Brasil, com 64% da população se declarando leitora, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2024. A média nacional é de 47%. O que explica o quanto o desenvolvimento da região se destaca, crescendo a olhos vistos em comparação ao Nordeste, por exemplo.

A região Sul (SC, PR, RS) apresenta índices superiores à média do País, com 53% de leitores, embora tenha registrado uma queda de cinco pontos percentuais em relação ao ano anterior. O Estado de São Paulo mostra índices relevantes na pesquisa, mas em regiões pontuais.

O estudo, realizado entre abril e julho deste ano, aponta ainda uma preocupação: 53% dos brasileiros não leram nenhum livro nos três meses anteriores à pesquisa, representando a primeira vez na história do levantamento que a maioria da população se declara não leitora.

Que tristeza…

ES – 07/01/2025